Paraná teve avanço em políticas de estímulo ao hidrogênio renovável em 2023 20/12/2023 - 10:10

Neste ano de 2023, o Paraná deu passos importantes para diversificar sua matriz energética –hoje 98% renovável – e estimular a produção de biofertilizantes ao preparar-se para, no futuro, colocar em atividade a produção de hidrogênio renovável (H2) no Estado.

Os benefícios da produção de H2 são ter nova energia limpa, com redução na emissão de gases poluentes, dinamismo na estocagem e transporte e ampliação da disponibilidade energética, além de servir como base para fertilizantes mais sustentáveis, com pegada renovável.

Entre as iniciativas colocadas em pé neste ano pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Estado do Planejamento, e que visam atingir esses objetivos, está o Plano de Hidrogênio do Paraná, contratado em agosto junto à Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

O Plano, que engloba sete entregas, vem mapeando o cenário do H2 no Estado e objetiva desenvolver medidas voltadas ao licenciamento, financiamento e desoneração da cadeia.

Paraná do futuro: sancionada a lei que institui o Plano Plurianual 2024-2027

No momento, o Produto 5 está sendo elaborado, e envolve o Estudo para Prospecção do Mercado H2 Renovável no Estado, após terem sido elaboradas as primeiras entregas, que envolveram o cenário atual e diretrizes para o plano; o estado da arte sobre o mercado dessa energia e sua cadeia de valor; e infraestrutura, tecnologia e matriz energética do Estado.

O Secretário de Estado do Planejamento do Paraná, Guto Silva, explica que as mudanças climáticas e a transição energética estão em pauta em todo o mundo, como visto na recente Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP23), na Alemanha, e que isso envolve a redução do uso do carvão e do petróleo, modificando a matriz por energias renováveis.

“Essa agenda global abre oportunidades para o Paraná, que pode se destacar como produtor de hidrogênio renovável, por termos todos os ativos necessários. Nos posicionamos de forma muito clara quanto a essa produção, proveniente da biomassa e do biogás”, explica Guto Silva.

Silva explica que, como o Paraná é o maior produtor de frango e de suínos do Brasil, toda essa produção deixa dejetos, uma biomassa que, com ajuda dos biodigestores, pode gerar energia.

“Diversos estudos apontam que a biomassa será a grande força da transição energética. Então, o Paraná tem condições de avançar produzindo H2 com o biogás oferecendo um custo mais barato que outros locais do mundo”, assinala o secretário de Planejamento, ressaltando ainda que a aposta do Estado é se concentrar, principalmente, em abastecer o mercado interno.

Além disso, cita Guto Silva, a produção do H2 vai visar a fabricação da amônia verde, biofertilizante que pode vir a substituir parte da importação de fertilizantes pelo Paraná, destino de 70% das compras externas brasileiras deste insumo, o que vai ajudar a abastecer o agronegócio paranaense com um produto sustentável e a mais baixos custos.

Projeto Paraná Eficiente reúne comitê gestor e assina termo para avaliação contínua

O consultor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) no Paraná, Rodrigo Régis, explica que, nesta fase da elaboração do Plano de Hidrogênio, estão sendo feitas análises dos principais potenciais consumidores, das aplicações de hidrogênio direto e de demandas de uso como no refino de óleos e na produção de fertilizantes nitrogenados.

“Levantamos quanto o Estado importa de fertilizantes, quanto entra por Paranaguá e é distribuído ao interior e, em cima das rotas tecnológicas do hidrogênio (por eletrólise, biomassa e etanol), quais seriam os arranjos de negócios possíveis, os pontos de atenção para trabalhar modelagens financeiras e como dar competitividade ao processo”, disse ele. 

Com isso, a equipe que desenvolve o Plano de Hidrogênio do Paraná começa agora a trabalhar algumas hipóteses de investimento, de teses para uma cadeia para o estado do Paraná.

“No Produto 6 a gente vai trabalhar retornos econômicos e endereçamento para cada rota: se a melhor forma é como política pública, programa, se vai para a P&D, como isenção tributária ou desoneração de cadeia. Então vamos estudar isso para ver o impacto social e econômico de cada um desses endereçamentos, em termos de governança para o Estado”, finaliza Régis.

Paraná tem segundo maior volume de crédito com garantia da União entre estados

HIDROGÊNIO NO PARANÁ –

Em 2023, a Secretaria de Estado do Planejamento do Paraná promoveu o 1º Fórum Estadual de Hidrogênio Renovável do Paraná, que reuniu 20 especialistas da indústria, academia e formuladores de políticas públicas em torno de desafios e estratégias relacionados à energia.

Em dezembro, o secretário de Estado do Planejamento, Guto Silva, participou de encontro realizado em Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), no evento Rotas Estratégicas para o Futuro da Indústria Paranaense – Hidrogênio Renovável 2035. Este esforço para identificar ações resultará na Rota Estratégica, com previsão de ser apresentada em fevereiro de 2024.

O Paraná tem 159 usinas de produção de biogás e um grande parque de reatores anaeróbios de esgoto, que pode gerar biogás ao processar 476 bilhões de litros/ano, o que ajuda na estimativa da capacidade de geração de H2 pelo Estado, de 1,99 bilhão de Nm³/ano.

Além disso, o Estado deve se destacar na fabricação dessa energia por ter grandes empresas como partes interessadas (stakeholders), Itaipu, Copel, Sanepar e Compagás.

O fomento da indústria pela Política Estadual do Hidrogênio, a desburocratização do licenciamento ambiental e a definição de incentivos fiscais vai ajudar a desenvolver o setor, que já tem iniciativas e projetos sendo realizados no Paraná: o incentivo à produção e comercialização dessa energia, com destaque para o NAPI Hidrogênio, isenções fiscais e abertura de linha de crédito, chamada pública da Copel e Projeto da Sanepar de produção de hidrogênio verde foi submetido e aprovado na chamada pública do MCTI/Finep/FNDCT.

GALERIA DE IMAGENS