Big data: parte 2 18/02/2020 - 09:51
O big data pode realmente trazer vantagens para o setor público?
O big data é tratado como a próxima fronteira de inovação, competição e produtividade (Mckinsey Global Institute, 2011). De fato, o big data vem chamando a atenção do setor privado há anos e o setor público, mesmo que lentamente, está começando a fazer uso desta tecnologia.
A utilização do imenso volume de dados se justifica na interpretação dos mesmos. A análise é capaz de gerar insights e oportunidades na detecção de padrões e tendências, o que leva a uma melhora na prestação de serviços públicos. Isso porque, o monitoramento e a visualização do desempenho do governo propicia a tomada de decisão de maneira dinâmica e participativa.
A título de exemplo, na área de transportes, as autoridades se beneficiam da análise de dados ao compreender as demandas dos usuários. O mapeamento dos tipos de transportes – carro, ônibus, metrô – geram insumos fundamentais para o planejamento de rotas e mobilidade urbana.
Outro campo beneficiado é o da taxação, uma vez que as autoridades fiscais e os departamentos de finanças processariam e armazenariam uma quantidade enorme de dados tributários em tempo hábil, auxiliando na previsão da arrecadação e na percepção de fraudes e evasão fiscal.
O cenário público brasileiro
A administração pública brasileira carece de soluções tecnológicas voltadas para o aperfeiçoamento e elaboração de incentivo à aplicação da análise de dados. Apesar de existir um vasto banco de dados, a heterogeneidade das bases e o alto custo de implementação de recursos financeiros e humanos impedem o desenvolvimento de uma efetiva transformação digital.
Num primeiro momento, a dificuldade de execução do big data esbarra nos investimentos elevados necessários para a aquisição de equipamentos capazes de processar o gigantesco fluxo de dados. Soma-se a isso, a responsabilidade do governo em assumir o papel de “guardião” dos dados, pois cabe a ele o uso das informações privadas dos cidadãos em troca do fornecimento de serviços públicos. Cabe ainda ao governo, promover o diálogo e a participação eletrônica da população. Segundo a ONU (2016), a e-participação favorece o engajamento do cidadão na tomada de decisão culminando numa sociedade mais inclusiva.
Por outro lado, os órgãos públicos encontram problemas na contratação de pessoal, pois existe um déficit de profissional qualificado na área de tecnolgia da informação, já que o cientista de dados requer, normalmente, formação em Ciência da Computação, além de habilidades de gestão. Paralelamente, a digitalização dos processos afeta a cultura organizacional que, em muitos casos, encontra resistência, devido à difícil adaptação em alguns setores.
O big data é o próximo passo para a inovação influindo significativamente na competitividade e produtividade. Como afirma Doug Cutting, criador da tecnologia Hadoop: “ esse é só começo de uma era de ouro dos dados”.
Fontes:
Artigo: Análise de estudos sobre aplicações e desafios da implementação de big data na administração pública. Autores: Wesley Lourenço Barbosa, Antonio Manoel Batista da Silva, Vinícius Silva Flausino.
https://www.pagbrasil.com/pt-br/insights/brasil-os-numeros-do-relatorio-digital-in-2020/
https://www.serpro.gov.br/menu/noticias/noticias-2017/estamos-vivendo-uma-era-de-ouro-dos-dados
https://www.serpro.gov.br/menu/noticias/noticias-2017/data-lake-e-big-data-sao-tendencia-no-uso-de-dados-publicos